10.11.05

Jornal Nathalia Duprat

Previsão do Tempo por Nathalia Duprat
,ameaço abrir a boca, mas não espero ouvintes atentos, microfones, revistas de fofocas e interesse, aguardo somente que tímidos vaga-lumes encostem suas bundas luminosas e frias na minha face e sussurrem que tudo está claro, tão claro e não percebo, basta olhar, mirar o outdoor gigantesco, óbvio e real bem diante de meus olhos, escancarando verdades que ouso dissecar mas temo confrontar no juízo final, penso em Deus, em rabanada, em frutas caindo podres na beira da estrada e em sorvete alaranjado escorrendo macio pelo queixo

Diário Esportivo por Nathalia Duprat
,mas olho para minha unha e ela está prestes a cair, cai-não-cai, cai-não-cai, ironicamente, percebo-me igual desde o dia em que deixei tombar as muletas que me sustentavam, pois ainda não sei andar sem elas e fica a sensação louca absurda egoísta e vulgar de sentir o universo inteiro existindo dentro do meu estômago, pulsando, pulsando, pulsando, enquanto distribuo a todos dentes fartos e insossos de quem aprendeu a chorar sorrindo, porque quando há dor, é sempre tão minha e só minha e de mais ninguém, como a coca-cola restante do deserto que luto para tomar, permitindo que gases de rouquidão e coisas sem-sentido borbulhem alegremente por todas as veias de um corpo que pulsa, pulsa, pulsa...

Caderno Cultural por Nathalia Duprat
,a máscara de quase artista, que acompanha meus passos enquanto danço sem roupas num palco solitário para uma platéia que finge se chocar com minhas cores venenosas, impregnadas de mim e de um mundo que nunca entendi, ou escolhi, não sei dizer ao certo agora porque os tempos se confundem e a nuvem estranha continua lambendo meus cabelos ralos e cheio de uma vida que me intriga e encanta,

Quadro Político por Nathalia Duprat
,ninguém entende, no entanto é preciso ainda mais, um pouco aqui e um passo além, sempre mais, porque ao meu redor há a existência de tudo o que não compreendo ou posso tocar, mas desejo amar até morrer com essa mania incontrolada de procurar a paixão embaixo das pedras, dentro dos pães, no pó do café, passeando no reino das formigas, ah, ainda sonho com o doutorado em formigas nessa vida,

Obrigado pela luz, Carol.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial