4.3.06

Caminhada

Lá pros meus quinze anos eu fazia natação à noite no Fluminense. Certo dia eu tive um problema com uma menina de onze anos de lá e fiquei um mês sem aparecer no clube. Como não podia simplesmente dizer à minha mãe que eu havia resolvido faltar na natação porque havia me desentendido com uma menina, comecei a matar o tempo da aula caminhando pelo praia do Flamengo. Saía todo dia naquele horário certo, caminhava na praia por uma hora e voltava pra casa. Antes de entrar no apartamento, eu dava uma passada na garagem do prédio e me molhava. Mas me molhava direito, não podia simplesmente me encharcar de água e entrar em casa pingando, ficaria muito na cara. Contratei o porteiro para me dar um banho de cloro e água com a mangueira enquanto eu, pelado na banheira, me enxagüava com uma esponja. Parece algo meio gay quando se lê isso, mas quando se vê a situação ao vivo você tem certeza de que é.

A praia do Flamengo é um lugar muito perigoso à noite, para quem não tem noção. O Rio de Janeiro todo é muito perigoso. Principalmente para quem não tem muita noção.

Para mim a praia era um ótimo lugar à noite, com todos os assaltos, pagodes de sexta e estupros mesmo. Eu gostava daquele lugar, me identificava. Sempre gostei do perigo, e sempre soube que naquelas bandas pintava muita gente boa. Lembro bem do dia em que as reclamações dos moradores do bairro foram ouvidas e a prefeitura mandou colocar o triplo de homens da polícia vigiando a orla, para evitar os assaltos, pagodes de sexta e estupros. Uma verdadeira benção para os moradores.

Voltei para o Fluminense aquele dia. Preferi voltar a estuprar a menina de lá, mesmo.

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